Comédia em cinco actos.
Um novo Avarento de José Maria Vieira Mendes: revisitação de um texto de 1668, na perspectiva do conflito entre duas gerações, no qual Molière serve apenas para o esqueleto: o autor parte a estrutura original e deixa buracos, fracturas, peças soltas, mistura linguagens e estilos, para realizar uma reflexão sobre o conflito entre a geração pós-25 de Abril e a geração dos pais dela. Uma nova versão da peça, livre e esquiva, ou a escrita daquilo que se gostaria de ler já na obra original.
Neste Avarento – possível palco para infinitas e histéricas afirmações políticas e estéticas como a distribuição do poder dentro de uma mesma geração (a do “Jonas” que fez 25 anos no ano 2000), a vigilância panóptica das cidades contemporâneas (disciplina e mutilação), velhos vs. novos, a ausência de mãe, os perigos de um mundo calculista, o poder transcendental vs. normas cartesianas sociais, a redução do humano a um valor monetário + quantificação como conhecimento, a casa como representação da economia moderna e blá blá blá – renegámos qualquer possível leitura linear, e tentámos desconstruir e “meter-a-pata” no texto o menos possível. Isto pode ser visto (pelos que nos conhecem ou pelos que têm algumas expectativas) como uma espertalhona/pouco inovadora manoeuvre classicista representação vs. apresentação). Neste caso diremos, na senda viriliana, que é uma questão de perspectiva.
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Texto | José Maria Vieira Mendes, a partir de O Avarento (L’Avare, 1668), de Molière
Co-criação de | André e. Teodósio, Cláudia Jardim, José Maria Vieira Mendes, Marcello Urgeghe, Martim Pedroso, Patrícia da Silva, Paula Diogo, Pedro Penim, Rogério Nuno Costa, Romeu Runa e Sofia Ferrão
Interpretação | André e. Teodósio, Cláudia Jardim, Marcello Urgeghe, Diogo Bento, Patrícia da Silva, Paula Diogo, Pedro Penim, Rogério Nuno Costa e Romeu Runa
Desenho de luz | Daniel Worm d’Assumpção
Direcção de produção | Pedro Pires
Assistente de produção | Joana Gusmão
Fotografia | João Tuna
Registo videográfico | André Godinho
Colaboração | O Espaço do Tempo / Centro Cultural de Belém
Co-produção | Teatro Nacional São João
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Duração | 2h30