Um gesto determinante de um lançar de dados decide o preço do bilhete. A distribuição dos 4 papéis pelos 6 actores é uma Roleta-Russa oferecida, de bandeja, ao público. Serão a Serendipidade, o Book-Crossing, o Random Order, o Nietzsche (!) e o Amor (!!?) farinha do mesmo saco? Um saco com uma bola branca e outra preta chamado acaso.
Cabe a este decidir, para cada dia, a hipótese certa das 72 combinações possíveis que sabemos que existem neste espectáculo. Mas avisamos desde já que o exponencial é infinito, e que a mão que embala o copo de dados é a mão que vai determinar o desenrolar dos acontecimentos.
De Noël Coward ainda não sabemos se gostamos. Nunca percebemos em que parte da zona cinzenta e infinita que vai do dandy intelectual ao queer fútil é que ele se situa. É neste território movediço, neste pântano, que se vai operar a construção da peça e do espectáculo. E é aqui que o universo cool e eficaz de Noël Coward sofre um duro golpe do destino: a encenação (público e actores) deste espectáculo nunca será mais do que um produto da casuística e da assunção dos resultados. E que ninguém se desobrigue das consequências.
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Nomeções
VENCEDOR | Prémio “Teatro na Década 2003” | Clube Português de Artes e Ideias | categ. Encenação e Melhor Actriz
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Texto | Noël Coward
Tradução | Carlos Falcão
Co-criação e interpretação | André e. Teodósio, Carlos Alves, Cláudia Jardim, Paula Diogo, Patrícia da Silva, Pedro Penim e Sofia Ferrão
Styling | Sofia Aparício
Produção executiva | Pedro Pires
Design gráfico | Paula Veiga