2022 | Matchundadi: Género, Performance e Violência Política na Guiné-Bissau (2ª ed.)

«A cultura di matchundadi tem sido o motor da vida política guineense e sem a exacerbação e a institucionalização desta forma de masculinidade hegemónica, o sumo que tem regado a política guineense desapareceria. Entre tramas, traições, mortes, destituições, eleições, nomeações, transições políticas e golpes de Estado.» [Joacine Katar Moreira]

 

Indispensável. Numa palavra seria esta a qualificação do livro de Joacine Katar Moreira que aqui se apresenta. E indispensável por múltiplas razões: porque permitirá à leitora e ao leitor aprender tanto como aprendi eu sobre a história contemporânea da Guiné-Bissau; porque desenvolve uma análise fina e sofisticada de como essa história foi e é, também, organizada por um dos processos primordiais de todas as sociedades humanas – o género; porque aponta claramente um dos elementos centrais, até aqui oculto de toda e qualquer análise sobre a realidade guineense, geradores da instabilidade e violência dos processos sociopolíticos da Guiné-Bissau – as formas de (hiper)masculinidade hegemónica que monopolizam a competição pelo poder estatal.

[Pedro Vasconcelos]

 

cultura di matchundadi, hipermasculina, move-se dentro das estruturas do Estado, procurando fazer da matchundadi endémica uma matchundadi sistémica. Ou seja, procura institucionalizar um modus operandi e uma visão do mundo na qual impera a lei do mais forte, do mais poderoso e sobretudo do mais violento, ao mesmo tempo que esta hipermasculinidade traduz as características associadas aos homens e às masculinidades, tais como a redistribuição dos recursos, a protecção (e enriquecimento) do seu clã e a ameaça permanente aos adversários políticos. Assim, a cultura di matchundadi é altamente performativa mas com consequências que colidem com o ambiente democrático e a paz social, pois vive do mimetismo político e assenta no confronto constante, na demonstração de força de uns sobre outros.

[Joacine Katar Moreira]

 

 

ed.___________, uma chancela composta por duas coleções – “Série” e “Sequência” -, resulta da colaboração entre o Teatro Praga e a editora Sistema Solar, com coordenação de André e. Teodósio e José Maria Vieira Mendes. A coleção “Série” divulga o património imaterial das artes performativas contemporâneas. A coleção “Sequência” organiza-se em livros temáticos oriundos de diversas disciplinas, que ofereçam uma reflexão sobre sistemas de poder e protesto na atualidade.

 

Uma edição | Teatro Praga / Sistema Solar (chancela ed._______, 2020)
Direcção da colecção | José Maria Vieira Mendes e André e. Teodósio
Prefácio | Pedro Vasconcelos
Design | Horácio Frutuoso
Revisão | Helena Roldão

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