Ao longo dos seus trabalhos, o coletivo Praga tem-se interessado, sob diferentes pontos de vista, numa crítica da identidade, não apenas a propósito do suporte artístico com o qual mais tem operado, o “teatro”, como também a propósito de ideias de pessoa, de corpo, de fazer ou de objecto. “( )” é uma performance duracional e dá continuidade a essa atividade, agora no âmbito do regime de visibilidade do museu.
“( )” é um local de paisagens desejadas, de outros objetos-corpo e das suas relações. Trata-se da não-normatividade enquanto possibilidade. Um poema de espera, posição para que são relegadas todas as formas não preferenciais, onde se capitaliza uma apresentação turística para reclamar invisibilidades, experiências, mudanças e efemeridade. Em “( )”, a poética do des-ser, do des-tornar-se e a hermenêutica residual produzem verdades, províncias ontológicas e campos de conhecimento que têm sido desqualificados pelos seus modos não consolidados.
Reagindo a uma longa história de regimes voyeuristas, exploradores, capacitistas e de legibilidade global, “( )” não deixa rastro, desaparece. “( )” é um esqueleto micropolítico que insere, emerge, relembra e reafirma que a recusa de ter de ser alguma coisa é a deslocação necessária para o surgimento de uma operatividade liberta de uma raiz matricial: Desconhecer na intimidade.
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Uma performance de Teatro Praga / André e. Teodósio
Com | Ana Tang, Aurora Pinho, Joana Barrios, Paulo Pascoal
Objetualidade material | Teatro Praga / Bruno Bogarim
Direcção de produção | Andreia Carneiro
Produção | Alexandra Baião
Fotografia | Alípio Padilha
Agradecimentos | Pedro Barateiro, Bárbara Falcão Fernandes, Vasco Araújo, José Nunes e Cátia Pinheiro, Pedro Antunes, Salomé Lamas, Joana Gusmão, Jorge Jácome, Mariana Sá Nogueira, Joana Dilão, João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira, Pedro Gomes, Pólo Cultural das Gaivotas | Boavista
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Duração | 5h
M/12